PlayStation 3 Siren: Blood Curse

17/08/2008 13:12

  • A atual onda de remakes nos videogames parece que não se restringe a clássicos oitentistas ou originados de plataformas há muito tempo descontinuadas."Siren: Blood Curse" é uma reimaginação de "Siren", lançado há menos de cinco anos no Japão para PlayStation 2, em uma experiência da Sony em utilizar sua PlayStation Store para vender conteúdo episódico - os 12 estágios do game foram divididos em três pacotes, com quatro fases cada um, além do conjunto completo, com preço mais em conta.

    Se isso irá abrir caminho para novos projetos no mesmo estilo, só o tempo dirá, mas inicialmente é uma tentativa bastante interessante não só de criar um novo modelo de negócios, mas também de revitalizar sua franquia de terror.

    Revivendo o horror

    "Siren: Blood Curse" não é exatamente um remake do "Siren" original e, em vez disto, apenas pega o argumento principal daquele jogo, além de seus conceitos básicos, dando-lhe novos recursos, personagens e roteiro.

    Tudo ainda gira em torno da misteriosa vila rural de Hanuda, localizada em uma região montanhosa do Japão. Os moradores do vilarejo participam de rituais de ocultismo, com sacrifícios humanos como sinal de adoração a uma entidade sobrenatural. Este ser acaba controlando a mente destas pessoas, que viram servos chamados de Shibitos (que quer dizer pessoa-defunto, em japonês).

    Mas para o resto do mundo, Hanuda desapareceu misteriosamente durante a realização de alguma cerimônia, na década de 1970, e acabou se tornando uma espécie de lenda moderna. Isto chama a atenção de uma equipe de repórteres norte-americanos, que viaja até o local para fazer uma matéria especial. Ao mesmo tempo, o jovem estudante Howard Wright se encontra nas mesmas redondezas fazendo montanhismo, e o caminho de todos se cruzam quando os brutais Shibitos surgem no meio da floresta, realizando outro rito macabro, e partem em perseguição aos estranhos.
     

    Múltiplos pontos de vista

    Os vários protagonistas do jogo, alguns com especialidades bastante úteis, combinam com o esquema episódico do pacote e sua narrativa fraturada. A história se quebra em vários momentos para mostrar eventos que acontecem em paralelo, criando uma complexa e envolvente teia de mistério e suspense, principalmente quando são introduzidos personagens com objetivos duvidosos nos capítulos posteriores.

    É um título que se beneficia muito mais de sua trama e clima do que se sua mecânica em si, já que a ação por muitas vezes é curta ou pouco exigente. Os capítulos iniciais, por exemplo, não passam de prólogos de luxo, que apresentam a base de tudo o que virá a seguir, como esquema do jogo e seus protagonistas. É um bom momento para ler o manual de instruções online e descobrir como tudo funciona, uma vez que não há muitas explicações detalhadas durante a ação propriamente dita, a não ser pelas diretrizes dadas pela interface e as informações mostradas pelo mapa.

    Se você já jogou algum "Silent Hill" ou "Resident Evil" antes, já sabe mais ou menos como funciona. Seus personagens correm, se escondem, se abaixam, gritam uns com os outros e interagem com objetos, além de usarem uma boa variedade de armas e uma inseparável lanterna - que você deve usar com sabedoria, já que o jogo alterna momentos de ação e furtividade. O mais interessante é que há um botão que mostra o que outros indivíduos na proximidade estão vendo naquele momento, dividindo a tela, o que é útil para escapar de algum Shibito que esteja no seu encalço, por exemplo.

    Unificando a trama

    Embora seja uma iniciativa interessante, a idéia de dividir um jogo como "Siren: Blood Curse" não parece ter sido a mais esperta, talvez não por culpa do modelo propriamente dito, mas pelo design do jogo.

    Como um bom filme de terror oriental, a trama só vai ganhando certa clareza a partir de sua metade. Sendo assim, quem compra o pacote inicial com os quatro primeiros estágios não leva muita coisa digna de nota, com a história começando a engrenar a partir do quarto. Claro que pode parecer sábio, uma vez que se torna um grande gancho para impulsionar a venda do lote seguinte, mas o problema é prender o jogador até lá. Isto porque o início é um tanto enfadonho, corriqueiro, visto melhor em outros jogos, principalmente nas partes protagonizadas por Howard, facilmente o personagem menos interessante da trama.

    Só pelo segundo ato que as coisas começam a fazer sentido, isto é, se você prestar atenção na coisa toda. Com vários protagonistas e eventos paralelos, é fácil se perder e achar que tudo não faz muito sentido, o que acaba diluindo a diversão e a graça da coisa, e isto se torna pior caso você resolva terminar o primeiro pacote e comprar o segundo somente algum tempo depois.

    Novo, mas nem tanto

    Contando com um roteiro novo e apresentação refeita, é possível dizer que, para um jogo tão complexo vendido por download, "Siren: Blood Curse" não faz feio. Os gráficos rodam em 720p, com texturas e efeitos de luz interessantes, assim como um curioso design de criaturas - ainda que não se compare a jogos com gráficos de ponta vendidos em lojas atualmente, não faz feio se pensarmos que é um jogo com um pé na geração anterior. O som funciona igualmente bem, repleto de barulhinhos vindos de todos os cantos, que não só aumentam a imersão quanto ajudam naqueles momentos perfeitos para deixar todo mundo pulando da cadeira de susto.

    Apesar deste novo verniz, o tal pé na geração anterior incomoda no que diz respeito à mecânica e interface. Nada saiu do lugar, com alguns controles que não respondem direito, principalmente naqueles momentos em que você está fugindo desesperadamente de um perseguidor sedento de sangue e dá de cara com uma parede, quando na verdade queria entrar pela porta. É como se todos fossem um pouco pesados demais. E a câmera também não faz muita questão de ajudar, limitando bastante a visão periférica do personagem, criando uma sensação incômoda. Agora, se isto foi intencional ou não, aí já é outra história.

    CONSIDERAÇÕES

    A experiência de "Siren: Blood Curse", no que diz respeito ao modelo de venda por episódios, não é das melhores, já que não é o tipo de jogo que se beneficia com o esquema, uma vez que apresenta uma trama única e corrente - lembrando que o início não é dos mais sedutores. Mas visto como um único jogo, completo, é um belo título de terror, que prende pelos detalhes de sua narrativa e pelo grande clima de mistério e suspense. Há alguns problemas de controle e câmera, mas com certeza é um projeto interessante e deve interessar aos fãs do gênero e da plataforma da Sony.
     
    Fonte:https://jogos.uol.com.br/playstation3/analises/sirennewtranslation.jhtm
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